“Na vida tudo passa, até uva passa.”

Na vida tudo passa, até uva passa!

Quem já não repetiu para si esta frase, nos mais diferentes momentos de sua vida. Seja depois de uma discussão com um grande amigo, a perda de um emprego, a frustração por não atingir aquele objetivo tão almejado ou aquele grande amor que foi embora.

Quando se discuti com um grande amigo, que ele fala aquela palavra que dói lá no fundo do peito, que rompe aquele laço “cor de rosa” construído ao longo de anos nos bate-papos alegres, no rir a toa por qualquer  motivo, no rir do riso, na lágrima compartilhada, nos segredos guardados a sete chaves… logo se pensa que não vai mais ter volta, que está tudo acabado, que ele não era tão amigo assim e a tristeza invade o coração. Aí vem o tempo, o amanhecer noites após noites, vem trazendo a calma, a cena repetida  inúmeras vezes no pensamento já não parece tão terrível como no início, e a compreensão de que talvez o amigo estava certo mesmo, e se procura uma reaproximação e como é bom o abraço da volta, porque um amigo é um tesouro sem preço.

Perder o emprego é uma das piores sensações, porque ela agrupa inúmeros sentimentos negativos, é como se te dissesse que você não é bom o suficiente para estar ocupando aquele lugar, e pior que levar a sua auto-estima ao último dos patamares, assumir o rótulo de desempregado em um mundo capitalista  que te avalia pelo que você tem no bolso e não pelo seu caráter, pela sua simpatia, inteligência, ou tantas outras qualidades que são ignoradas, não é uma tarefa fácil. E para complicar  ainda mais, saber que ao final do mês tem que pagar a conta do mercado, do cartão de crédito, água, luz, e todos os compromissos que nos tornam reféns do dinheiro, leva ao desespero. Mas manter a fé, e batalhar por outro emprego, vem com o tempo te trazer outra oportunidade e tudo volta ao normal. Assim como quando não atingimos nossos objetivos, é frustrante, mas buscando toda a energia que temos dentro de nós mesmos e considerando que talvez não fosse mesmo o melhor para nós naquele momento, conseguimos nos reerguer, levantar a cabeça e seguir em frente.

Agora o grande amor que vai embora, deixando um vazio profundo, uma sensação de que nada mais vale a pena, que torna o mundo cinza, o cantar dos pássaros uma triste melodia e  cada entardecer uma tortura só em pensar que a noite traz de volta todas as recordações, que a cabeça no travesseiro é um momento seu com você mesmo, e que ninguém pode te consolar naquela hora. Que  o pranto vai rolar sem controle e vai adormecer querendo não acordar. Assim o tempo te chama a reagir. Os amigos e o trabalho são fundamentais nesse período, e de repente percebe que ele já não é o seu último pensamento da noite e nem o seu despertar. Parece que está curada e volta a sorrir. Até que um encontro, um olhar nos olhos, traz a tona todo o sentimento novamente. O corpo se incendeia, as mãos ficam trêmulas e a voz embargada, o chão se abre, as pernas não obedecem mais,  como se o tempo não tivesse passado, levando por terra o dito popular: “Na vida tudo passa, até uva passa”, porque um verdadeiro amor, cria raízes profundas que podem ficar dormentes por anos a fio, aguardando uma chuva de primavera para brotar em todo seu esplendor.

 

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